Hoje o chocolate vive um boom, como o vinho ou o café. A atual onda de glamourização é em torno do chocolate de qualidade superior, com alto percentual de cacau - no mínimo 70% -, como os que chegam da Suíça, da Bélgica e da França, países que produzem os melhores do mundo. O resultado é um sabor que se aproxima ao de suas origens.
Quando descoberto nas Américas, esse alimento era consumido na forma de uma bebida amarga. Os maias a tomavam em rituais sagrados. Já os astecas eram, diz o mestre de pâtisserie francesa Pierre Hermé, fanáticos pela bebida. Mas só nobres e guerreiros tinham o privilégio de se regalar com ela - que, acreditava-se, conectava os homens aos deuses. Era chamada de xocoalt (xoco - o mesmo que amargo, e alt - água) e podia receber pimenta e outros temperos.
As sementes de sua matéria prima, o cacau, eram tão preciosas que faziam as vezes de moeda. Para os colonizadores espanhóis das Américas, porém, era uma bebida difícil de engolir. Conta-se que, em 1519, o conquistador Hernan Cortés foi recebido na corte do imperador asteca Montezuma com uma xícara de xocoalt e só teria segurado o impulso de cuspi-lo por estar em contexto deveras diplomático.
No fim, os colonizadores se renderam ao chocolate. Primeiro, porque o alto valor financeiro das sementes de cacau atendia à sede das riquezas. Segundo, porque, graças à introdução da cana, seu gosto pôde ser modificado com adiação de açúcar, baunilha e canela. Assim, miscigenado, ele enlouqueceu cortes europeias. Na França, eram 3 mil nobres bebendo tanto chocolate quente no Castelo de Versalhes que o rei Luís 14 um dia deu um basta, diz Pierre Hermé.
O alimento tornou-se popular com a revolução industrial, que permitiu sua produção em massa, a queda dos preços e, em muitos casos, da qualidade. Agora ele recupera a aura de nobreza com cada vez mais opções premium nas prateleiras, na forma de barras ou bombons-joias.
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